Rasura

Se pudesse voltar
E corrigir
Escreveria por cima do que ja estava escrito
Para que nunca fosse (mal) interpretada
E, talvez, eu nunca interpretasse uma vida rabiscada e mal escrita

Hoje tenho uma rasura em meu peito
É que tento reescrever os meus capítulos

Acometo

Acometo e cheguei nesse estágio
Um estágio em que temo que minha própria fraqueza me mate
Com requintes de crueldade

armada até os dentes, ela me fita
debocha minha cara
me despreza e arrota
irrita
fede
ora
calapavora

A fraqueza mal assombrada!

E minha força se esconde

E fica escondida em um lugar muito secreto
E escuro
e frio

Gelado
horrível
quadrado
cheio de quinas de farpas de secura

sufoco
e, nao choro, de covardia

me ameaço
rogo! me imploro!
me caço

finjo que morri

Sóbria, de pavor

A verdade é esta:
Sou inimiga de mim mesma
Minha arquiinimiga

Melhor seria, Antes,
Fosse!
só inimizade

Acometo
meus danos e meus ias com sede,
fraca,
bebo minha agua e não deixo uma gota
que represente minha vida